
Eu tenho andado em relacionamentos obscuros, procurando me preencher e
dando de cara com pessoas vazias. São copos quebrados, restos de cigarros,
cervejas pela metade, carros lotados de gente estranha, ruas que passam
depressa, músicas altas sem letra alguma e com batidas enjoativas. Eu tenho
dito a mim mesma que estou feliz com isso, que foi a opção que fiz. Você me
liga perguntando como estou e faço questão de falar da minha ressaca, pra
deixar bem claro que se você é capaz de seguir em frente, eu também sou. Mas,
na verdade, eu só queria seu abraço.
Não é tanto a falta do seu beijo. É só que eu fico imaginando, antes de
dormir, que seus braços se encaixam perfeitamente sobre os meus, e que suas
covinhas são exatamente iguais as minhas e que a sua conversa é tão gostosa e
faz meu sono passar. Esses caras bizarros do mundo amam tanto seus corpos e
seus carros que me causam náuseas. Enquanto converso com eles, minha cabeça só
acena afirmativamente, como se eu estivesse prestando atenção e eu imagino sua
voz firme de homem de verdade falando e rindo alto sobre o quanto esses
playboys são estúpidos.
Estúpido mesmo é você. Devia se tocar de vez que toda essa loucura que
anda minha vida é só minha reação automática à falta que você faz. Eu queria
tanto seu carro idiota no portão da minha casa que é impossível resistir a
ligar pra alguém que venha me buscar e me fazer esquecer o quanto eu fico
desprezível longe de você. A verdade é que esses caras que nasceram em berço de
ouro e se intitulam “vida loka” não sabem nada da vida.
Você me ama. Eu sei que ama. Eu lembro com clareza daquela vez em que,
depois de tudo, você afagou meu rosto e ficou uns bons cinco minutos olhando
nos meus olhos, eu fiquei super sem graça e pedi sorrindo pra você parar de me
olhar assim, só então você se deu conta do quanto tinha ido longe. Eu sei. Você
ficou com medo de sentir demais. Naquela época eu ainda não sabia que também
estava sentindo mais do que devia.
Você não sabe lidar com esse sentimento louco, mas também não sabe se
manter distante. Nós nunca demos nome pro rolo que tivemos. E eu não sei lidar
com essa coisa de amor. É tudo tão doloroso que eu procuro qualquer ilusão
temporária pra não pensar. Sinto falta até do cheiro de cigarro que a sua roupa
tem, seu copinho de café preto e amargo no início da manhã, sua mania de falar
do seu curso e eu não entender porra nenhuma dessa teoria complicada, enfim,
falta de todas as suas coisas peculiares que fazem você ser você. E ser o cara
que eu quero. E ser o cara que me estragou pra todos os outros caras.
Porque eu não consigo mais olhar pra rapaz nenhum sem pensar que faltam
as covinhas, a nicotina, o café e todos os seus detalhes. Porque eu não consigo
beijar mais ninguém sem beber meia garrafa de whisky pra começar a te enxergar
no rosto deles. Porque eu não consigo passar pelos lugares badalados da cidade
sem verificar se o seu carro está estacionado por perto antes. Porque eu não
consigo mais sentir nada por ninguém, enquanto seu nome, sua voz e seu corpo
não saírem da minha cabeça.
Que lindo, amei demais o texto, parabéns *-*
ResponderExcluirperfeeito! *-* segue? http://euqueromaisquetudo.blogspot.com.br/
ResponderExcluirOs textos da Alexya são incríveis. Sempre que ela posta no Desconstruindo Amélia, fico de queixo caído.
ResponderExcluirBeijos,
http://desconstruindo-amelia.blogspot.com.br/
Obg, gente *-*
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