Síndrome do Príncipe Encantado

Engraçado isso. Você se aproximou com gracinhas a respeito da música e deu um tempo pra que minha mente começasse a interpretar beleza, onde meus olhos não viram. Foi gentil, educado e eu descobri que, nas luzes estroboscópicas, o seu sorriso pode ser maravilhoso. Deixei que me envolvesse, que me contasse sobre suas aventuras e que desenhasse seu reino do modo mais colorido possível. Quando contei, de modo despreocupado, que estava sob a sombra de um amor recém-acabado, não percebi que você havia entendido tudo errado.

Você nunca perguntava, inferia. Eu não estava sofrendo, querido. Eu estava partindo corações. Ainda assim, descobri como ficavam seus lábios sobre os meus. O gosto era bom. Tudo era lento e suas mãos macias passeavam pelas minhas costas. Tudo bem, eu pensei, você não ficará para sempre, não é nenhum sacrifício.

Não te mandei ir embora e nem mesmo fingi ir ao banheiro para fugir de você. Eu me permiti ficar, você teria que ir embora cedo. Levou meu telefone e saiu dizendo que me levaria para sair. Melhor dizendo, me convocando a sair. E outra vez aquele alarme soou: é a síndrome do príncipe encantado, corra. Mas eu sorri e me ouvi dizer que estaria esperando a ligação.

E agora o celular apita: mensagem dele. “Sua vida está prestes a mudar”. Ok. Dessa vez eu realmente me assustei. Alguém pode me explicar de onde esses caras tiram a ideia de que só estamos esperando para sermos salvas? As coisas não funcionam assim no mundo real. Eu não sou um personagem clichê da Disney, querido.

A conversa foi deliciosa e o beijo habilidoso, mas o meu coração não estava envolvido. Não posso estar. O rostinho é delicado, o sorriso é um doce, mas eu realmente sou crescidinha pra doar minha alma na primeira promessa de amor que surgir numa balada. Eu sinto muito, mas o seu cavalo branco não cola comigo. Que tal mais um beijo? Daí eu te libero pra continuar procurando a sua cinderela: eu tô mais pra fiona.

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